Oficina capacita profissionais para trabalho socioeducativo com homens agressores no Estado

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Núcleo de Enfrentamento da Violência Doméstica contra a Mulher (Nevid), realizará nos dias 1º e 2 de março a Oficina “Formação de Multiplicadores em Grupos Reflexivos para Homens Agressores”. O evento será no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, a partir das 13 horas, na quinta-feira, e a partir das 8 horas, na sexta-feira.
 
A oficina tem o objetivo de capacitar membros, servidores e técnicos para realização de trabalho com homens autores de violência doméstica e familiar contra mulheres, a partir da experiência bem-sucedida do projeto “Tempo de Despertar”, desenvolvido pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP).

As palestras serão ministradas pela promotora de Justiça Maria Gabriela Prado Manssur, fundadora do projeto, e pelo professor, filósofo e coordenador do “Tempo de Despertar”, Sérgio Barbosa.

 
Projeto “Tempo de Despertar”
 

Criado em 2015 em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, o projeto “Tempo de Despertar” é um trabalho de combate à violência contra a mulher por meio da reeducação de homens agressores. O programa insere os homens que estão respondendo a um processo criminal ou a um inquérito policial em um projeto de responsabilização e conscientização da violência contra a mulher. 

De acordo com promotora de Justiça Maria Gabriela Prado Manssur, com a atuação do “Tempo de Despertar”, a reincidência de atos de violência diminuiu de 65% para 2% entre 2014 a 2016, segundo dados do Grupo de Combate à Violência Doméstica Contra a Mulher (Gevid) do MPSP. Desde que foi iniciado, o projeto já atendeu mais de 180 homens.

Otrabalho não é uma terapia e, sim, uma medida socioeducativa que provoca mudanças, crises e uma reflexão muito profunda em relação ao comportamento desses homens. O projeto consiste em oito encontros, de duas horas e meia de duração, onde são discutidos temas como machismo e direitos humanos, com a intenção de fazer os autores de agressões contra as mulheres refletirem sobre a violência.

Além de membros e servidores do Ministério Público, o programa conta com atuação de magistrados, psicólogos e assistentes sociais. A promotora de Justiça Maria Gabriela define o “Tempo de Despertar” como um projeto audacioso e trabalhoso. Ressalta que ele não representa uma conciliação. Os acusados continuarão a serem processados. Entretanto, haverá uma diminuição da pena caso frequentem o programa regularmente.