Operação Carro de Boi: foragidos se entregam

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Guaçuí, informa que as cinco pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Carro de Boi e estavam foragidas se entregaram à Justiça na quinta-feira (09/05). Quatro delas são médicos. Deflagrada na terça-feira (07/05), a operação, tem como objetivo de desarticular e colher provas relativas a um esquema irregular na celebração de contratos de prestação de serviços envolvendo a Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí (SCMG), destinados ao funcionamento da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e ao setor de hemodiálise. Ao todo, 15 pessoas são investigadas pelo esquema, entre elas médicos, empresários e o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí.
 
Os médicos Daniel Sabatini Teodoro, Denis Vaz da Silva Ferreira, Hélio José de Campos Ferraz Filho e Jehovah Guimarães Tavares e o ex-provedor da SCMG Valmir Santiago estavam foragidos desde terça-feira.  Após se apresentarem à Polícia, foram levados para os presídios de Cachoeiro de Itapemirim e Viana. Durante a deflagração da operação foram presos o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, José Areal Prado Filho; o ex-provedor da instituição Renato Monteiro Pinho; o empresário Carlos Alberto de Almeida Proveti, conhecido como “Carlinhos Boi”, que é ex-sócio de empresa que atuava na UTI; e os médicos Waldir de Aguiar Filho, Vítor Oliveira Almeida e Eduardo José de Oliveira Almeida. Esses presos também estão nos presídios de Cachoeiro de Itapemirim e Viana.
 
A Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, instituição sem fins lucrativos, celebrou convênios com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) e por meio desses convênios recebe verbas públicas para prestação de serviços de UTI e hemodiálise. No entanto, conforme constatado nas investigações do MPES, a SCMG celebrou quatro contratos de prestação de serviços com sociedades empresariais, transferindo integralmente o objeto do convênio firmado com o poder público para a iniciativa privada, o que é ilegal. As empresas contratadas pertencem a médicos, que foram presos por envolvimento no esquema.
 
As apurações constataram ainda que, objetivando o máximo de lucro, as empresas de UTI desligavam os aparelhos de ar condicionado para economizar, impondo sofrimento aos pacientes. Além disso, misturavam lixo hospitalar com lixo comum, para diminuir as despesas.
 
Um dos documentos apreendido na operação comprova a partilha dos lucros. O documento “Acerto UTI – 1” indica que, nos meses de fevereiro e março, o lucro chegou a R$ 76 mil, dinheiro que deveria estar disponível para a Santa Casa.