Encontro da Juventude Negra com o MPES discute ações de enfrentamento ao racismo

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) realizou o “Encontro da juventude negra com o MPES”, na quinta-feira (08/08), com palestras e debates abordando problemas enfrentados pela população negra capixaba, tais como racismo e homicídios, visando construir políticas públicas específicas. O evento lotou o auditório da Procuradoria-Geral de Justiça. 

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A mesa de abertura contou com a presença do subprocurador-geral de Justiça Institucional, Alexandre José Guimarães, da procuradora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos (NPDH), Catarina Cecin Gazele, da promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional Cível e de Defesa da Cidadania (CACC), Elaine Costa de Lima, e da professora e membro da Comissão de Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Brunela Vieira de Vincenzi. 

O subprocurador-geral de Justiça Alexandre José Guimarães deu as boas-vindas aos participantes. “É preciso resgatar o valor e a cultura do negro no Brasil. O MPES é uma instituição fundamental para a criação de políticas que deem visibilidade à população negra”, afirmou.

A procuradora de Justiça Catarina Cecin Gazele tambén destacou a importância do MPES para a construção de políticas públicas para os negros. “Todo trabalho da instituição passa pelos Direitos Humanos. O ideal é trabalharmos todos juntos, com a participação dos jovens e demais cidadãos, para unirmos forças e objetivos em comum para lutar contra o racismo no Brasil”, ressaltou. 

O evento foi realizado pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), Centro de Apoio Operacional Cível e de Defesa da Cidadania (CACC), Centro de Apoio Operacional Criminal (CACR), Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid) e do Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos (NPDH).

A promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos (GEDHDIS) do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), Lívia Maria Santana e Sant’Anna Vaz, falou da criminalização do povo negro e do racismo institucional. “A sociedade nos classifica pela imagem que carregamos. E os negros são submetidos a essas demarcações cotidianamente, como a cor da pele, os traços físicos e a textura do cabelo. O sistema é tão perverso, que não quer ‘só’ criminalizar esses corpos. Mas, também, a mente, a memória e a história da população negra”, destacou. 

O promotor de Justiça e mestrando em Ciências Sociais Gusthavo Ribeiro Bacellar abordou em sua palestra a acumulação social da violência e a atuação policial. Destacou conceitos sociológicos e o impacto que as ações policiais são capazes de gerar nas comunidades, principalmente nas periferias. O promotor de Justiça chamou à atenção para a forma como algumas abordagens policiais podem reforçar estereótipos negativos, contribuindo para a marginalização da juventude negra. “A juventude negra acaba sendo vulnerabilizada. Portanto, está mais sujeita a certas formas de agir da polícia”, ressaltou.

A mesa de bate-papo com o tema “A visão do jovem negro sobre a evasão escolar, trabalho e geração de renda” encerrou o evento. Participaram da conversa a estudante de Jornalismo Aline Gonçalves Almeida; a coordenadora do Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), Crislayne Zeferina; o militante do Coletivo Negrada João Victor Penha dos Santos; e a presidenta do Instituto Das Pretas, Priscila Gama.