MPES denuncia grupo e advogado ligados ao tráfico de drogas na Serra

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal da Serra, denunciou oito integrantes de um grupo criminoso voltado ao tráfico de drogas no bairro André Carloni, localizado no município. Um dos denunciados é um advogado, que recebia as ordens do líder da facção em um presídio e repassava aos integrantes da organização. O MPES requer que os réus sejam submetidos a julgamento pelo Tribunal Popular do Júri e sejam condenados pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa. Também foi pedida a prisão preventiva dos denunciados, o que já foi deferido pela Justiça, com a aceitação da denúncia ministerial. 

Em 11 de junho deste ano, dois dos denunciados, com o apoio dos demais réus, mataram um homem com 34 disparos, dos 70 que foram desferidos. Na ocasião, também tentaram matar a namorada dele. Ela foi atingida com oito tiros, mas recebeu atendimento médico e sobreviveu. 

O crime está relacionado à tentativa da facção de obter o controle do comércio de entorpecentes no bairro André Carloni e foi executado a mando do líder da organização.  Mesmo encarcerado, ele continuava a comandar o grupo por meio de mensagens que eram transmitidas por um aplicativo de celular pelo advogado. 

Entre março e junho deste ano, o advogado repassou aos integrantes da facção instruções de um plano criminoso que visava restabelecer o controle do comércio de entorpecentes no bairro André Carloni. O esquema incluía o homicídio do principal concorrente na disputa pelo domínio do tráfico de drogas na região. 

Interceptação
As mensagens, interceptadas pelo MPES durante as investigações, continham instruções para divisões dos lucros do narcotráfico e orientações para a cooptação de aliados, especialmente a organização criminosa do Complexo da Penha, intitulada “PCV” (Primeiro Comando de Vitória). Essa organização tem como braço armado o “Trem Bala” e ramificações. Entre elas, a do “Morro da Garrafa”, onde um dos denunciados exercia a liderança do tráfico e apoiaria a retomada da venda de drogas no bairro. 

Ao se articularem para cometer o homicídio contra o adversário, no entanto, alguns dos denunciados o confundiram com outro homem também envolvido com o tráfico de drogas na região. Com a intenção de comprar entorpecentes, esse homem e a namorada foram atraídos para um encontro com alguns dos réus em um posto de gasolina no bairro Parque Residencial Laranjeiras, próximo de onde ocorreu o crime. Depois de alvejado por 34 disparos, a vítima conseguiu dirigir o veículo em que estava até o Hospital Metropolitano, localizado a 500 metros de distância, onde deixou a namorada para receber os primeiros socorros.

Dos oito réus, cinco já estão presos e três estão foragidos. Quanto ao advogado, em razão do art. 7º, V, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil), a Justiça determinou que ele cumpra a prisão preventiva em Sala de Estado Maior no Quartel da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (QCG).

Veja a denúncia

Veja a decisão de recebimento da denúncia