MPES discute violência doméstica e familiar contra as mulheres e seus impactos na saúde mental

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf),  do Núcleo de Enfrentamento às violências de gênero em defesa dos direitos das mulheres (NEVID), do Centro de Apoio Operacional de Implementação das Políticas de Saúde (CAOPS), do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAIJ) realizou na sexta-feira (25/09) o curso online “Violência Doméstica e Familiar contra as mulheres e seus impactos na Saúde Mental”. 
Na abertura do evento, que reuniu mais de 100 pessoas, a coordenadora do NEVID, a Promotora de Justiça Cristiane Esteves Soares, deu as boas-vindas a todos e passou a palavra para a Procuradora-Geral de Justiça do MPES, Luciana Gomes Ferreira de Andrade. A Procuradora-Geral de Justiça destacou a importância e o desafio institucional de atuar ativamente na proteção das mulheres, principalmente neste momento de pandemia da COVID-19 quando o agressor fica mais tempo em casa, aumentando, consequentemente, o número de casos de violência. “Devemos nos preocupar em estabelecer soluções eficientes, entre elas a criação de uma rede de proteção e orientação a essas vítimas”, salientou Luciana Andrade. 

A Procuradora-Geral de Justiça reforçou ainda seu compromisso com a luta contra a violência familiar, no papel de mulher e representante da Instituição. “Estamos à disposição para chegarmos juntos e mudar esse cenário, inclusive, por ser mulher e compreender a importância de apoiar outras mulheres. Nós temos esse dever, como promotoras de Justiça, membras do Ministério Público, em um espaço de poder e de mudança na política”.

Logo após, a Coordenadora do NEVID falou sobre a importância do evento “já que o impacto na saúde mental das vítimas diretas e indiretas, se não tratados adequadamente, podem causar sequelas emocionais para a vida toda”. 

Em seguida, a psicóloga hospitalar e doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Daniele Reis e Silva apresentou a palestra “Promoção da saúde mental em mulheres vítimas de violência pela perspectiva do impacto do trauma”. A psicóloga apresentou dados que apontam os impactos da violência e do trauma na configuração familiar e consequentemente na saúde mental dos afetados. “É fundamental entender o conceito de que uma mulher não vive sozinha. As pessoas que vivem ao seu redor também são afetadas. O impacto de um evento potencialmente traumático é gigantesco e invisível”, frisou.

Em seguida, a dirigente do Caops, Promotora de Justiça Inês Thomé Poldi Taddei, falou do relevante papel do Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento à violência contra as mulheres. “Um dos princípios do SUS é a organização do atendimento especializado para as mulheres vítimas de violência doméstica em geral, incluindo o atendimento psicológico. Mais do que nunca, o SUS deve prover esse princípio organizativo”, pontuou.

A segunda palestra foi ministrada pela psicóloga clínica e mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gláucia Rezende Tavares. Ela abordou o luto do feminicídio e os reflexos dessa violência no luto dos órfãos e ascendentes das vítimas, bem como a importância das políticas públicas. “O feminicídio representa uma violência extrema contra a mulher, onde ataca-se o principal bem jurídico protegido pelo direito penal, que é o direito à vida”, ressaltou.

O evento foi mediado pela coordenadora do Nevid, Cristiane Esteves Soares.