OPERAÇÃO PIÀNJÚ – Nota 2

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES, participa da chamada OPERAÇÃO PIÀNJÚ, deflagrada hoje (15/12) pela Polícia Civil. O objetivo da operação é desarticular uma estruturada organização criminosa, com atuação interestadual e internacional. A operação foi deflagrada pela Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos-DFRV/Deic e do Gaeco, com apoio das Polícias Civis de São Paulo, Alagoas e Ceará e da Capitania dos Portos.

Foram apreendidos cerca de US$ 600 mil, veículos de luxo, motos aquáticas e embarcações de uma organização criminosa, com atuação interestadual e internacional, que utilizava empresas de fachada para enviar dinheiro para bancos no exterior. Ao todo, dez empresários foram detidos, sendo quatro presos no Espírito Santo, cinco em São Paulo e um no Ceará.

Veja as imagens.

Outros detalhes da operação Piànjú serão divulgados em coletiva de imprensa que será realizada na quinta-feira (17/12) às 9h30, no prédio da Chefatura de Polícia Civil do Espírito Santo, localizado na Av. Nossa Senhora da Penha, 2290, Santa Luiza, Vitória. A coletiva será transmitida no canal do YouTube do Governo do Estado. (https://bit.ly/2WlC0e8)

Esquema

O grupo criminoso atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.

A operação foi realizada de forma simultânea nos Estados do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica), São Paulo (Capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió). Ao todo, atuaram na operação 118 agentes, entre delegados, investigadores e agentes das Polícias Civis dos Estados envolvidos, além de promotores de Justiça e agentes do Gaeco do Espírito Santo e de São Paulo.

Foram expedidos 126 mandados judiciais, sendo, 18 mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão, 23 sequestros de embarcações, 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e duas ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.

Entre as ordens de busca e apreensão encontravam-se 12 imóveis, três veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações. Foi necessária, inclusive, a utilização de uma máquina de contar dinheiro, diante do volume de cédulas encontradas.

Investigação

Durante dois anos de investigação, a Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos do Espírito Santo comprovou que a célula da organização criminosa investigada, que atuava no Estado do Espírito Santo, composta por dois grandes empresários, além de diversos outros membros, agia como “prestadora de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas. Tinha, inclusive, ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal, entre elas, a Operação Chorume e Operação Descarte. Também se relacionavam com empresas que foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, todos no âmbito da Força Tarefa da Operação Lava Jato, além de uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por desvios de mais de R$ 98 milhões em ICMS. Essa organização criminosa sediada no Espírito Santo movimentou mais de R$ 800 milhões em valor global.

Os membros responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro usavam empresas de fachada e fictícias, criadas valendo-se de identidades falsas, expedidas pelo Setor de Identificação da própria Polícia Civil do Estado do Espírito Santo. A organização criminosa e os beneficiários da lavagem, ou seja, os “clientes”, que tinham os valores remetidos para contas de empresas na China e Estados Unidos, se valiam da precariedade do sistema atual de emissão de identidades civis.