Promotores de Justiça do Caso Milena Gottardi ratificam tese de acusação em coletiva de imprensa

Os promotores de Justiça do Júri de Vitória do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) que atuarão no júri do Caso Milena Gottardi, em coletiva à imprensa na sexta-feira (20/08), avaliaram que o ingresso de novos documentos ao processo faz parte de uma estratégia da defesa para tentar confundir os jurados. Eles explicaram que essa técnica de confundir para ludibriar jurados e opinião pública será trabalhada e rebatida no plenário e a verdade será demonstrada de forma cabal, ratificando a tese de acusação. O julgamento dos seis acusados de envolvimento no assassinato da médica Milena Gottardi, morta em setembro de 2017, será realizado na segunda-feira (23/08), a partir das 9 horas, no Fórum de Vitória.

Os promotores de Justiça Bruno Simões, Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos e Rodrigo Monteiro deixaram claro que o objetivo é buscar a condenação de todos os envolvidos nesse crime cruel que abalou a sociedade capixaba, praticado a mando de Hilário Frasson, com auxílio do pai, e com a participação direta de outros quatro comparsas. “Temos provas robustas e inequívocas da participação de todos os seis réus. Trata-se de um feminicídio, cometido de maneira torpe e sem possibilidades de defesa da vítima. É terrível imaginar que um ser humano que fala em Deus possa cometer tamanha maldade”, disse Rodrigo Monteiro.

A médica oncologista Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral. Ela morreu aos 38 anos e deixou duas filhas.

Inicialmente, a polícia suspeitou de uma tentativa de assalto. No entanto, as investigações apontaram para um crime encomendado. Os mandantes foram o então marido da médica, Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson. O assassinato teve dois intermediários: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho. Eles, por sua vez, teriam ajudado os mandantes na contratação dos executores: Dionatas Alves Vieira, o atirador, e Bruno Rodrigues Broetto, primo de Dionatas, que teria roubado a moto para a execução do crime.

Denúncia

A denúncia contra os seis comparsas acusados do homicídio de Milena Gottardi foi ajuizada em 27 de outubro de 2017. Hilário Antônio Fiorot Frasson, Esperidião Carlos Frasson, Valcir da Silva Dias, Hermenegildo Palauro Filho e Dionathas Alves Vieira foram denunciados pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual (artigo 121, § 2º, inciso I, IV e VI, e art. 347, parágrafo único, na forma do art. 29, c/c art. 69, do Código Penal), além de Bruno Rodrigues Broetto pelo crime de feminicídio (artigo 121, § 2º, inciso IV, na forma do art. 29, do Código Penal).

Segundo a denúncia, Hilário era casado com a vítima há 13 anos e passou a apresentar um comportamento agressivo e obsessivo para com a vítima, o que levou ao fim da relação conjugal. O fato não foi aceito por ele e pelo sogro da vítima, Esperidião, que tomou a separação como uma ofensa à família. Assim, ambos decidiram matar a médica e, com o auxílio de Valcir e Hermenegildo, contrataram Dionathas, pelo valor de R$ 2 mil para cometer o crime. O réu Bruno repassou a Dionathas a motocicleta usada para a execução do crime.

No dia e hora do crime, Valcir e Hermenegildo foram ao hospital e entregaram a Dionathas a arma utilizada para efetuar os disparos. Por volta das 18 horas, Hilário telefonou para a vítima para se certificar de que ela estava no local e o horário que sairia de lá. Em seguida, telefonou para Esperidião, que repassou as informações para Valcir, de modo a concretizar a prática do homicídio.

Quando a vítima deixou o hospital e se aproximou do veículo com outra médica, no estacionamento, Dionathas anunciou um assalto, determinando que ambas entregassem os pertences. Sem que esboçassem reação, Dionathas efetuou disparos em regiões letais exclusivamente contra a vítima Milena, executando o crime para o qual foi contratado, fugindo do local em seguida.