Terceiro dia do júri do Caso Milena Gottardi tem oitiva de delegado responsável pelas investigações

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informa que no terceiro dia do julgamento dos seis acusados de envolvimento no assassinato da médica Milena Gottardi, na quarta-feira (25/08), foi ouvido o delegado de Polícia Civil Janderson Lube, responsável pelo inquérito policial da chamada Operação “Conan Doyle”. A operação, batizada com esse nome em atenção ao criador do personagem Sherlock Holmes, investigou todos os passos da trama que teve como desfecho o homicídio de Milena Gottardi.

O depoimento no Fórum Criminal de Vitória durou aproximadamente 12 horas e corroborou com a tese defendida pelo Ministério Público de homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual. O delegado narrou o envolvimento de cada um dos seis réus no crime, dando inteiro respaldo à denúncia do MPES.

A médica oncologista pediátrica Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Ela morreu aos 38 anos e deixou duas filhas. Inicialmente, a ocorrência policial militar foi iniciada para apurar tentativa de assalto. No entanto, as investigações iniciais já apontaram para um crime de mando. As apurações revelaram que os mandantes foram o então marido da médica, Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson.

O assassinato teve dois intermediários: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, vulgo “Judinho”. Eles, por sua vez, teriam ajudado os mandantes na contratação do executor: Dionatas Alves Vieira, que contou com o auxílio de seu cunhado Bruno Rodrigues Broetto, que teria conscientemente emprestado a moto utilizada para a execução do crime.

Testemunhas

Na quinta-feira (26/08) será ouvido o irmão de Milena Gottardi, última testemunha da acusação. Após, serão ouvidas as testemunhas de defesa. Esperidião Frasson dispensou uma das testemunhas. Dionathas Alves Vieira também dispensou uma e Bruno Rodrigues dispensou duas. Assim, 15 testemunhas de defesa devem prestar depoimento.

Algumas falarão por meio de videoconferência. É a primeira vez que a prática é adotada em um júri no plenário de Vitória. Nos dois primeiros dias de julgamento, oito testemunhas de acusação prestaram depoimento.

Para o promotor de Justiça Rodrigo Monteiro, um dos três que atuam no caso, o depoimento do delegado Janderson Lube foi bastante esclarecedor. “O delegado foi firme, sempre respondendo de acordo com a prova, com aquilo que foi produzido no caderno probatório, deixando claro que não há interesse de prejudicar qualquer dos réus, mas tão somente fazer justiça. Todos responderão pelos seus atos. O nosso interesse é a busca pela justiça. E ela será feita pela Milena, pela família dela, pelos amigos, pelos pacientes e por toda a sociedade capixaba”, disse. A expectativa do MPES é de que o júri popular se estenda pela próxima semana.