Julgamento do Caso Milena Gottardi prossegue com oitiva de intermediários e mandantes do crime

Prossegue neste sábado (28/08) o julgamento dos seis acusados de envolvimento no assassinato da médica Milena Gottardi. Pela manhã, foram ouvidos os acusados de intermediar o crime, Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, vulgo “Judinho”. Esperidião e Hilário Frasson, acusados de serem os mandantes do crime, começam a ser ouvidos à tarde.

A médica oncologista pediátrica Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Ela morreu aos 38 anos e deixou duas filhas. Inicialmente, a ocorrência policial militar foi iniciada para apurar tentativa de assalto. No entanto, as investigações iniciais já apontaram para um crime de mando.

O júri foi retomado às 10h40 de sábado. O primeiro interrogado foi Valcir da Silva Dias. Ele contou que esteve no Hucam no dia do crime para visitar um amigo, chamado Valdemar, que estava com câncer. Segundo a versão do réu, ele chegou a ver Dionathas no local, mas não estranhou, porque o assassino confesso de Milena sempre estava por lá por causa da irmã dele que fazia hemodiálise. 

Disse ainda que não foi dirigindo ao hospital, porque estava com a carteira de motorista vencida e com um “problema nas vistas”. Por isso, teria pedido a Judinho (Hermenegildo) que o acompanhasse.

O depoimento de Judinho, segundo a ser ouvido no sábado, durou pouco mais de uma hora. Assim como Valcir, optou por não responder às perguntas do juiz e dos promotores de Justiça. Confirmou que esteve no hospital onde ocorreu o crime para levar Valcir, com quem tem um bom relacionamento por morar na mesma região.

Afirmou que conhece Hilário Frasson, com quem teve proximidade até quando ele tinha por volta de 14 anos. Segundo ele, Hilário costumava comprar carne em um açougue que tinha em Timbuí. Também disse conhecer Esperidião Frasson, pai do Hilário, mas afirmou não ter qualquer vínculo com ele. Quanto a Dionathas, ele disse que conheceu quando o assassino confesso de Milena ainda era criança.

Sexta-feira
Na sexta-feira, quinto dia do júri dos envolvidos no assassinato da médica Milena Gottardi, foram ouvidos Dionathas e Bruno. Dionathas narrou com riqueza de detalhes, como se deu toda a trama que teve como desfecho o crime brutal, que foi procurado por Valcir, um dos intermediários, dois meses antes do assassinato. Ele explicou que, por não conhecer Milena nem por foto, foi auxiliado pelos intermediários, que teriam colocado um galho de árvore na frente do carro dela para que o executor pudesse identificar em quem atirar.

O rapaz revelou que, diante da grande repercussão do caso, foi pressionado pelos intermediários Valcir e Judinho para fugir para Minas Gerais. Mas preferiu ficar em Fundão, município em que morava, por temer que atentassem contra a vida dele. Contou também que, quando viu a polícia na casa dele, já sabia que seria preso e acabou confessando o crime.
Dionathas teria usado uma moto, roubada pelo cunhado Bruno, para seguir de Fundão até Vitória e matar Milena. O veículo foi apreendido em uma fazenda em Fundão, no mesmo dia em que Dionathas e Bruno foram presos. 

Bruno Broetto, por sua vez, disse que estava arrependido de ter repassado a moto para Dionathas. Na versão que apresentou, disse desconhecer que o veículo seria utilizado para o crime e que Dionathas havia solicitado a moto para fazer um “serviço”. Inclusive, teria perguntado a Dionathas, após vê-lo conversar de forma sigilosa com Valcir, para que seria utilizada a moto, mas foi orientado pelo assassino confesso a “ficar tranquilo”.

O promotor de Justiça Rodrigo Monteiro, um dos três representantes do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) que atuam no caso, ao avaliar o quinto dia do júri, deixou claro que a absolvição de qualquer um dos réus desse caso será uma ofensa ao bom senso. Ele disse que tem convicção, com base nas provas que constam do processo, que todos os seis réus serão condenados. “Acreditamos que sairemos daqui com a condenação de todos os réus para fazermos justiça pela doutora Milena, para as filhas dela, para os pacientes, os amigos e para toda a sociedade do Espírito Santo”, analisou.

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