Começa fase de debate entre defesa e acusação no julgamento dos envolvidos do Caso Milena Gottardi
29/08/2021Começou na manhã de domingo (29/08) a fase de debates do julgamento dos envolvidos no assassinato da médica Milena Gottardi realizado no Fórum Criminal de Vitória. A sessão do júri reiniciou às 10 horas, sendo o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio dos três promotores de Justiça que atuam no caso, e o assistente de acusação os primeiros a se manifestar. Eles têm sete horas e meia para explicar aos jurados como se deu o crime. Após, a defesa de cada um dos réus terá direito a uma hora e 15 minutos para falar.
A médica oncologista pediátrica Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Ela morreu aos 38 anos e deixou duas filhas. A ocorrência policial militar foi iniciada para apurar tentativa de assalto. No entanto, as investigações iniciais já apontaram para um crime de mando.
Estão no banco dos réus o executo, assassino confesso de Milena, Dionathas Alves Vieira; Bruno Rodrigues Broetto, que teria conscientemente emprestado a moto utilizada para a execução do crime; os que intermediaram o crime: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, vulgo “Judinho”; além de Esperidião e Hilário Frasson, acusados de serem os mandantes do crime.
O promotor de Justiça Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos explicou que serão demonstradas todas as provas que existem nos autos para os jurados. “Vai haver uma conjugação com as provas que foram produzidas agora, que são as declarações prestadas em juízo. O Ministério Público vai mostrar todas as provas. Além das que foram produzidas durante essa semana toda, existem outras e essas outras vão totalmente de acordo com o que Dionathas falou e com que as outras testemunhas, durante todo o processo, falaram”, esclareceu.
O MPES deu início a sua manifestação apresentando um vídeo, material fornecido pela imprensa, onde uma jornalista lê a carta deixada por Milena Gottardi. O documento foi escrito em 5 de abril de 2017 e registrado em cartório e traz um relato doloroso de como era a convivência difícil da médica com Hilário, deixando claro que era ameaçada diuturnamente e vivia oprimida pela obsessão do ex-companheiro. Milena teria decidido escrever a carta e registrá-la logo após contratar uma advogada para cuidar do processo de separação dela.
O promotor de Justiça Rodrigo Monteiro demonstrou que houve uma mudança no comportamento de Milena a partir de 5, 6 de março, quando ela teria sido violentada por Hilário. “Neste dia, ela tomou nojo, repulsa. Não queria mais ver a cara dele. Não acontece uma mudança brusca sem um acontecimento brusco. Ela não tinha raiva dele, mas nojo, o que é pior, porque, com ele, você despreza totalmente a pessoa. A partir desse momento, ela está tão convicta de que quer a liberdade, que para de responder as mensagens de Hilário e passa a utilizar o celular da filha mais velha”, contou.
Por volta de meio-dia, o julgamento foi suspenso para um breve intervalo de 10 minutos.
Oitivas
Na tarde/noite de sábado foram ouvidos os réus acusados de serem os mandantes do crime, Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson. Esperidião, sogro de Milena, foi o terceiro interrogado do sábado (28/08), sexto dia de julgamento do caso. O interrogatório dele durou cerca de uma hora e meia. O réu foi orientado a só responder as perguntas do advogado de defesa e dos jurados. Ao final do interrogatório dele, não houve perguntas dos jurados.
O último réu a ser ouvido no sábado foi Hilário Frasson, ex-marido de Milena Gottardi e acusado de mandar matar a médica. Hilário falou durante cerca de quatro horas. Negou a participação no crime, reconheceu que havia uma crise no casamento e disse que fazia de tudo para recuperar o relacionamento com Milena.
O promotor de Justiça Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos fez um resumo do que foram a fase de oitivas dos réus.