Júri acata tese do MPES e condena diplomata espanhol a 9 anos de prisão

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio dos promotores de Justiça do Tribunal do Júri de Vitória, obteve a condenação do diplomata espanhol Jesús Figón Leo. Ele foi condenado a 9 anos, 4 meses e 15 dias de prisão, inicialmente em regime fechado, pelo homicídio da esposa (artigo 121, caput, do Código Penal), no julgamento realizado na quarta (08/03) e quinta-feira (09/03). 

“Foi feita a esperada justiça. Não seria possível inocentar alguém por ter assassinado a mulher pelo simples fato de ela ter problemas psiquiátricos”, analisou o promotor de Justiça Leonardo Augusto Cezar, que atuou no júri ao lado dos promotores de Justiça Bruno Simões de Oliveira e Rodrigo Monteiro.

Durante o julgamento, os promotores de Justiça apontaram que ficou evidenciada a culpabilidade do réu, vez que “alterou toda a cena do crime, nitidamente visando atrapalhar as investigações”, conforme consta na sentença. Havia sinais de que o apartamento onde o crime foi praticado passou por uma limpeza parcial, como um vidro de hipoclorito de cloro sujo de sangue e sinais indicativos de que foi usado um pano de cozinha, com um rastro avermelhado no piso branco. Houve, ainda, a entrada no apartamento de três pessoas, com autorização do réu. 

A dosimetria da pena também considerou como agravante o fato de que o crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, que estava deitada quando foi golpeada, e praticado contra a mulher em relações domésticas em coabitação. A pena foi fixada inicialmente em 11 anos e 3 meses. Contudo, foi reduzida para 9 anos, 4 meses e 15 dias, em razão de o réu estar tomado de violenta emoção após injusta provocação da vítima, conforme o texto da sentença. 

Jesus Figón era conselheiro de Interior da Embaixada da Espanha do Brasil, e estava casado havia 30 anos com a capixaba Rosemary Justino Lopes, de 56 anos. O adido militar, de 72 anos, foi denunciado pelo MPES por matar a esposa a facadas, na madrugada do dia 11 de maio de 2015, no apartamento onde viviam, em Jardim Camburi, Vitória. 

Três dias depois do crime, em 14 de maio, na Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), ele confessou ter cometido o assassinato após uma discussão. Porém, em juízo, Jesus Figón mudou a versão apresentada na delegacia e passou a dizer que foi autolesão.