MPES na luta contra os impactos de agrotóxicos e as violações ambientais

O uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil caminha na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como a busca pela segurança alimentar e pelo crescimento econômico sustentável. Grandes indústrias do agronegócio, que incentivam a produção e comercialização dessas substâncias, priorizam lucros em vez de um modelo de desenvolvimento que leve em consideração a proteção ambiental, a saúde pública e os direitos constitucionais. Isso expõe a sociedade a sérios riscos, incluindo a contaminação dos alimentos e o desequilíbrio ecológico.

Os impactos negativos dos agrotóxicos são amplamente documentados, com evidências científicas mostrando seus efeitos prejudiciais à saúde, como doenças respiratórias, dermatológicas e câncer, além de danos ao meio ambiente, como a contaminação da água e do solo e a morte de espécies essenciais à polinização, como as abelhas. Dados do Espírito Santo, por exemplo, mostram que uma grande parte dos alimentos analisados contém resíduos dessas substâncias, muitas vezes acima dos limites aceitáveis. O país também importa substâncias proibidas em outras regiões, o que evidencia práticas prejudiciais à saúde e ao ambiente.

O Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos é celebrado em 03 de dezembro. A data foi escolhida em alusão ao maior acidente químico da história, que ocorreu em 3 de dezembro de 1984, na cidade de Bhopal, na Índia. Uma explosão numa fábrica de agrotóxicos matou cerca de 25 mil pessoas, deixando sequelas graves em outras milhares. Ainda hoje, no Brasil e no mundo, os agrotóxicos continuam matando silenciosamente milhares de pessoas.

Criado em 2017, por iniciativa do MPES, o Fórum Espírito-Santense de Combate aos Impactos de Agrotóxicos e Transgênicos (FESCIAT) é um espaço de controle social que reúne entidades da sociedade civil, acadêmicos, órgãos governamentais e a população em um debate propositivo sobre os impactos negativos dos agrotóxicos e transgênicos.

“O Fesciat luta por alternativas sustentáveis, como a agroecologia e a produção orgânica. Essas práticas visam proteger a saúde, os recursos naturais e a qualidade de vida da população. O objetivo do nosso trabalho é influenciar políticas públicas que promovam uma agricultura mais saudável e justa, sem a dependência de agrotóxicos, defendendo um modelo de desenvolvimento que seja social, econômica e ambientalmente sustentável, com foco na segurança alimentar e na preservação dos ecossistemas”, destaca a coordenadora do Fórum, a Promotora de Justiça do MPES Isabela de Deus Cordeiro.