Celia Lúcia Vaz de Araújo: uma trajetória em defesa dos direitos humanos
04/12/2024O falecimento da Procuradora de Justiça aposentada do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), Celia Lúcia Vaz de Araújo, comoveu a instituição e setores ligados ao Ministério Público capixaba. “Celinha”, como era carinhosamente chamada, faleceu na manhã de quarta-feira (04/12), aos 77 anos, com um legado de atuação firme em prol dos direitos humanos e dos direitos fundamentais.
Membros e servidores do MPES lamentaram a perda de Celia Lúcia, que atuou como Promotora e Procuradora de Justiça e esteve à frente do Centro de Apoio Operacional de Defesa Comunitária (CACO), do Centro de Apoio Operacional de Defesa Cível e da Cidadania (CACC) e da Comissão de Direito à Diversidade Sexual (CDDS).
O velório será realizado nesta quinta-feira (05), das 9h às 13h30, no Primícias Memorial House, em Vitória. O sepultamento será às 14h, no mesmo dia, no Cemitério Jardim da Paz, na Serra.
Carreira
Natural da cidade de Carangola (MG), Celia Lúcia Vaz de Araújo ingressou no MPES em 1978, como Promotora de Justiça Substituta. Na função, atuou em diversas Promotorias de Justiça, como as de Barra de São Francisco, Cariacica, Anchieta, Afonso Cláudio, Mantenópolis, Ecoporanga, Baixo Guandu, Domingos Martins, Aracruz, Nova Venécia, São Mateus, Vila Velha e Serra.
Promovida por merecimento para o cargo de Promotora de Justiça, em 1981, atuou em diversos municípios, incluindo Mucurici, Conceição da Barra, Colatina, Domingos Martins, Cariacica, Vila Velha, Serra, Viana e Vitória. Foi titular do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Criad).
Em 1996 foi promovida ao cargo de Procuradora de Justiça. Na função, foi conselheira do Conselho Superior do MPES, de 2010 a 2011, e coordenou o Colegiado Permanente de Estudos e Atuação Estratégica (Ceate/Caco), em 2012. Também foi membra do Conselho do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), de 2011 a 2013, e da Comissão Permanente de Defesa de Direitos Humanos em Sentido Estrito (COPEDH), que integra o Grupo Nacional de Direitos Humanos (GNDH), no âmbito do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça (CNPG).
Com uma atuação voltada aos direitos humanos e igualdade de gênero, integrou a CDDS, coordenando-a de 2014 a 2021. Atuou ainda no Grupo de Trabalho de Recuperação do Rio Doce (GTRD).
CACO
Na área social, esteve à frente do CACO, de 2012 até sua aposentadoria, em 2022. Trabalhou em parceria com diversas instituições e municípios para fortalecer a rede de proteção social e assegurar os direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Após 43 anos de dedicação ao MPES e à sociedade capixaba, Celia Lúcia Vaz de Araújo aposentou-se em 22 de fevereiro de 2022.
Sua partida, em 04 de dezembro de 2024, entristece membros, servidores e demais pessoas que conheceram a trajetória de “Celinha”, mas lembram do legado dela de trabalho e dedicação em defesa dos mais vulneráveis.
Nota
A Comissão de Direito à Diversidade Sexual e à Identidade de Gênero (CDDS), que foi coordenada por Celia Lúcia até 2021, divulgou nota sobre a perda da Procuradora de Justiça. Veja o texto na íntegra:
“É com muita tristeza que a CDDS recebeu a notícia do falecimento da Dra. Celia. Enquanto Coordenadora da Comissão de Direito à Diversidade Sexual e à Identidade de Gênero, até o ano de 2021, permaneceu fiel à defesa dos direitos humanos, notadamente das minorias, luta que permeou sua atuação como promotora e procuradora de Justiça. Traçou e inspirou os rumos que a comissão trilharia mesmo após sua aposentadoria e deixou um legado que ultrapassará o período vivido entre nós. Muito obrigado, Celinha. Você será sempre lembrada e celebrada.”
Homenagens
Em um vídeo de homenagem a Celia Lúcia, realizado pela Assessoria de Comunicação do MPES, por ocasião da aposentadoria dela, em 2022, membros e servidores destacaram vivências e aprendizados que compartilharam com a Procuradora de Justiça.
A decana da instituição, Procuradora de Justiça Catarina Cecin Gazele, relembrou que ingressou no MPES no mesmo concurso que Celia Lúcia, integrando o grupo das primeiras seis mulheres na carreira ministerial no Estado. “Foram seis mulheres que quebraram paradigmas aqui, que brigavam pelos seus direitos e pelos direitos de outras mulheres”, enfatizou. A Procuradora de Justiça lembra que, assim como ela, Celia Lúcia sempre gostou de ajudar o próximo, atuar em favor dos direitos humanos.
Por sua vez, a Procuradora de Justiça aposentada Miriam Silveira, aprovada no mesmo concurso que Celia Lúcia, destacou as qualidades da colega. “Uma pessoa muito equilibrada, muito conciliadora e agregadora, ela gosta de agregar e de que as coisas deem certo”, disse.
Sociedade
A Subprocuradora-Geral de Justiça Institucional, Luciana Andrade, que era Procuradora-Geral de Justiça à época da aposentadoria de Celia Lúcia, falou sobre a importante atuação da homenageada para o MPES e para a sociedade capixaba, sobretudo na luta pela igualdade e respeito às minorias. “É uma pessoa doce, encantadora, que ama a instituição, ama o Ministério Público. Dra. Celia sempre representou esse ideal de igualdade, de respeito às minorias, às diferenças”, assinalou Luciana Andrade.
A Promotora de Justiça Cível de Vitória Sandra Maria Ferreira de Souza ressaltou a convivência muito próxima com “Celinha”. “Conheci Dra. Célia, quando eu ainda era servidora no Fórum de Cariacica e, depois, quando entrei no MP, nosso interesse pelas causas voltadas aos Direitos Humanos nos uniu mais ainda, proporcionando enfrentarmos juntas muitos desafios e vibrar com conquistas em prol dos Direitos Humanos!”, lembra. A Promotora de Justiça destacou, também, a sabedoria e sensibilidade de Celinha , que faziam a diferença na atuação dela. “Desfrutar de sua amizade foi um privilégio na nossa jornada!”, completou.
Para a servidora Flávia Cazzotto, que atuou por 10 anos com “Celinha”, a Procuradora de Justiça inaugurou um novo tempo na coordenação do CACO. “Quando ela assumiu o CACO, em 2012, trouxe uma nova roupagem para o setor, por conta da sensibilidade que ela tem na atuação com as questões sociais. E o que a Dra. Celia mais fez foi ter a coragem de ser gentil com aqueles que são invisíveis para a maioria”, declarou a servidora.
Assista à homenagem completa no vídeo abaixo:
- Com informações do Memorial do MPES.